Neste período de pandemia, com o objetivo de buscar respostas a todas inquietações do futuro dos negócios, principalmente o nosso, li muito a respeito sobre profissionais voltados ao futurismo, cool hunting, caçadores de tendências e outros estudos voltados a vislumbrar o caminho que trilharemos neste “novo normal”.

Acabei me deparando com 3 palavras “do momento”: Empatia, Sustentabilidade e Consciência. Automaticamente, criei o acróstico ESC e percebi que a tecla do computador serviu de metáfora para compreendermos a lição que o mundo foi forçado a aprender repentinamente.

Segundo o jornal The New York Times, a tecla ESC foi criada em 1960, pelas mãos do programador Bob Bemer, que é uma abreviatura da palavra “Escape” e significa “escapar” em português. Ao longo dos anos, os sistemas computacionais adotaram uma função para ela: a de interromper o que o PC estava fazendo, sendo uma espécie de “porta de saída” de um aplicativo, ou seja, uma solução perfeita para dizer ao computador: “pare imediatamente o que você está fazendo”. Embora tenha resistido aos últimos 60 anos, sabemos que esta tecla não existe mais em alguns teclados virtuais e nem estamos discutindo o futuro dela, tampouco não sabemos se continuará sendo uma peça importante nos computadores do futuro.

O que sentimos com a chegada da pandemia, é que o Coronavírus foi responsável de ter “dado um ESC” em nossas vidas, nos obrigando a interromper o “programa” e sair do “aplicativo” da nossa rotina. Mas, voltando às palavras citadas, quero rapidamente contextualizar a essência de cada uma delas.

A empatia é um sentimento que se caracteriza pela capacidade em se colocar no lugar do outro. Fazer um esforço para entender o que o outro está passando é um ponto de partida para ressignificarmos o conceito de sociedade. Será que teremos uma sociedade mais justa?

A sustentabilidade que me refiro neste artigo, é fruto de uma mudança comportamental em relação ao consumo consciente. Especialistas afirmam que o tempo de confinamento superou o tempo necessário para mudar um hábito, que gira em torno de 21 dias, promovendo uma reflexão sobre as prioridades de consumo e o impacto ambiental gerado. Será que continuaremos a consumir por impulso?

A consciência é o que nos faz ver o mesmo ponto a partir de um olhar mais amplo. Sabemos que as crises aceleram as mudanças, e o que estamos prestes a viver é uma mudança nos propósitos individuais. Estamos sendo incentivados a reconhecer e dar valor aos nossos dons, que devem ser cultivados para que possamos colher talentos. Seus dons já se manifestaram? Já sabe quais são os presentes que trouxe para dar ao mundo?

Uma nova “Guia”se abre

Após teclar o ESC, nos deparamos com uma nova “aba”. Estes 3 conceitos embasam o movimento de humanização das empresas que estamos assistindo nesta crise. “Capitalismo Pós-Covid: Empresas fazendo o bem para se tornarem grandes”. Traduzido para o português, este é o título de um artigo recente, publicado pela Forbes, que descreve várias iniciativas de CEOs de grandes corporações, abraçando causas nobres, incluindo não só doações em dinheiro e parcerias entre setores, mas, também, discussões referentes à desigualdade social e ao impacto climático. 

Alguns críticos podem pensar que seja apenas uma maneira de melhorar a reputação ou fazer marketing, porém, acredito que chegou o momento em que as lideranças irão equilibrar o resultado com o coração. Isso requer uma mentalidade humilde. E de onde vem a palavra humildade? No livro “Qual é a Tua Obra?”, Mário Sérgio Cortella, afirma que humildade vem de humus, que é terra fértil e, na origem, significa o “solo sob nós”, ou seja, do nível que nós estamos, onde cada homem e cada mulher tem o mesmo nível de dignidade e de possibilidade de ação. Oscar Wilde descreveu um cínico como “alguém que sabe o preço de tudo e o valor de nada”. Um CEO sem coração e sem humildade é o mesmo.

Os verdadeiros líderes têm sabedoria suficiente para entenderem que não existem heróis solitários. O futuro das organizações dá boas-vindas a diferentes “teclas” e traz diferentes “comandos” para a tomada de decisões, provando que, conexão, confiança e colaboração são pilares de parcerias que abraçarão o novo.

Conscientemente ou não, sabemos que este “ESC pandêmico” foi uma chance de enxergamos uma nova tela em nossa frente: um futuro em que empresas, governos e sociedade civil se reunirão para que aprendam e vivenciem experiências de solidariedade na busca de um mundo mais igualitário e com uma única certeza: que ainda podemos ter fé na humanidade.

Texto escrito por: Luiz Aurélio Chamlian, sócio proprietário da Dinâmica, autor do livro “12 Cs do Ciclo do Sucesso”

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