Com o avanço da pandemia, o trabalho remoto ganha muita força e já sabemos que o futuro será cada vez mais híbrido. No entanto, o desafio da liderança é de como manter as equipes motivadas, integradas e ao mesmo tempo alinhadas à cultura da empresa quando não estão convivendo no ambiente de trabalho.

Segundo uma pesquisa da Society for Human Resource Management, dois terços das empresas estão lutando para manter a motivação dos colaboradores e um terço enfrenta desafios para disseminar a cultura da empresa. Não são apenas os líderes empresariais que estão sentindo a dor. De acordo com uma pesquisa da Steelcase , as pessoas querem voltar ao escritório porque desejam conexão com o propósito da organização, o senso de comunidade e o apoio para sua produtividade.

Isto mostra a importância de criar, alimentar e fortalecer a cultura por meio de um ambiente de trabalho remoto capaz de oferecer resultados eficazes, além de construir relacionamentos virtuais tão significativos quanto os presenciais.

De acordo com Erica Dhawan, autora de Digital Body Language: How to Build Trust and Connection No Matter the Distance, a linguagem corporal digital tem o mesmo peso que a linguagem corporal tradicional e é importante pelos mesmos motivos. Segundo a autora, a confiança é um dos pilares mais relevantes para que o trabalho híbrido não seja vítima da falta de comunicação.

COMO CONSTRUIR A CONFIANÇA NESTE AMBIENTE?

Sabemos que as emoções impulsionam o comportamento, não a lógica. E uma das emoções mais potentes é o medo. Dada a montanha-russa dos últimos 12 meses e a incerteza do que ainda está por vir, há muito medo invadindo a saúde mental das pessoas. Por isso, os líderes precisam fomentar a coragem, pois a partir dela se estabelece a confiança.

Para fazer isso, é útil compreender a psicologia do medo, especialmente em meio à incerteza do atual cenário. Tanto líderes quanto colaboradores, quando se sentem inseguros sobre o futuro, entram no “modo sobrevivência”, e passam a potencializar os riscos, subestimar a si mesmos e agir superficialmente, mantendo assim, uma falsa sensação de segurança no curto prazo, o que chamamos literalmente de “apagar incêndios”. Este tipo de comportamento não traz comprometimento a médio e longo prazo, o que impede o crescimento do próprio colaborador e, consequentemente, da empresa.

Acredito que para ressaltar a coragem, é preciso construir empatia e conexão. O que quero dizer é sobre o verdadeiro sentido de proximidade, o que tem a ver com percepção, mesmo à distância. À medida que a pandemia avança, as pessoas estão carentes de:

• Clareza sobre os objetivos e metas da empresa,
• Alinhamento do plano de ação aos propósitos da organização,
• Dicas de como agir, se comportar e até mesmo de reagir perante ao cenário em que vivemos,
• Transparência nos resultados objetivando o senso de justiça e equidade.

Apesar dessas necessidades, os colaboradores entendem que existem muitas coisas fora do controle da liderança, se você líder, se mostrar ansioso, só aumentará a ansiedade nos outros. Portanto, antes de se concentrar em estratégias e processos, coloque sua cabeça e seu coração em coerência e mostre que sua equipe pode confiar em você. Assim, garantirá uma segurança psicológica que os encorajará a se sentirem mais confiantes no futuro e em suas ações.

Estudos afirmam que 70% do engajamento de uma equipe depende do comportamento de seu líder. A experiência de trabalhar em casa requer muita disciplina e rotina para todos. É preciso encontrar equilíbrio para administrar a vida pessoal e profissional. Termos como “saúde mental” e “equilíbrio emocional” nunca foram tão comentados, apesar de sabermos que sempre foram importantes para um bom desempenho. Logo, se você quer manter um time engajado, confiante e produtivo, terá que humanizar a gestão da sua empresa.

Como diz o pai da Inteligência Emocional, Daniel Goleman, “no mundo atual, não basta ser inteligente, esperto e preparado para competir. É preciso ter calma e empatia e persistir diante das frustrações para conseguir viver bem no amor, ser feliz com a família e vencer no mercado de trabalho”. Eu acredito nisso, assim como entendo que ter que atuar na modalidade home office de maneira forçada, estressou os limites de erro e acerto das pessoas, num momento em que a tomada de decisão precisou ser rápida. Por isso, temos que cuidar da saúde física, mental e emocional. Enquanto a vacina não chega para a maioria da população, devemos continuar conciliando a rotina da casa e do trabalho e acreditar que a melhor injeção no momento é a do pensamento positivo!

Texto escrito por: Luiz Aurélio Chamlian, sócio proprietário da Dinâmica, autor do livro “12 Cs do Ciclo do Sucesso”